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The Insólito


O The Insólito fica no hotel The Independent Hostel & Suites. Assim que se penetra no edifício viajamos no tempo. No hall de entrada, onde somos recebidos pelar simpática recepcionista, as paredes estão pintadas de vermelho sangue, os cadeirões são de veludo verde musgo e, no teto trabalhado, um candelabro desengonçado ilumina a sala o quanto baste. Sinto como se tivesse entrado numa Lisboa antiga, uma certa Lisboa que o meu avô descrevia nos tempos da ditadura. A cidade dos mistérios, das luzes e sombras. A anfitriã anuncia a nossa chegada. O elevador que nos transporta até ao terceiro andar foi, curiosamente, um dos primeiros instalados na cidade. Dentro dele o espaço é tão limitado que o meu Escocês de quase dois metros de altura tem de se agachar para lá caber. Sentimo-nos personagens de uma outra época. Já no restaurante somos recebidos com a tradicional simpatia portuguesa e encaminhados para uma mesa no terraço de frente para os telhados da minha Lisboa que Maluda tão bem soube reproduzir. Apesar da decoração irreverente, o ambiente é acolhedor e nada pretensioso. Do teto debruçam-se em permanentes suicídios instalações de origami, gaiolas de flores, borboletas e ramos secos. As paredes são um festival de diferentes cores e texturas. Na cozinha aberta destaco uma colecção de candelabros que, com a sua luz velha e opaca, orientam a tripulação de cozinheiros que dirigem o navio desta viagem de sabores. 

A acompanhar a entrada de codorniz bebemos dois cocktails. Um deles, o Holy Sip, é, seguramente, um dos melhores que já provei até hoje. Fresco, suave a saber a este verão acabado de chegar. Para prato principal opto pelo robalo enquanto que o Martin pela barriga de porco. Ambos estão deliciosos e trazem nos seus condimentos o sabor de uma alquimia tatuada na alma lusitana. São iguarias que se querem saboreadas sem pressa para que se perpetuem no palato de modo a registarem na memória gustativa os prazeres a repetir. Para finalizar, escolhemos uma tarte de chocolate com gelado de tangerina e uma sobremesa de goiaba. A frescura deste fruto tropical casa muito bem com a intensidade do chocolate sendo, em meu entender, a forma ideal de terminar a refeição.  

Satisfeitos com a escolha, vemos então o sol pintar o céu de cor-de-rosa, ao longe surgem as primeiras luzes do castelo que domina a cidade e a que foi dado o nome de São Jorge, aqui ao lado o bairro mais alto desperta para a vida boémia e eu dou-me satisfeita por aqui estar.

Afinal, estou de volta a casa. À minha casa. A minha cidade. À cidade dos meus pressentimentos que daqui, do alto deste terraço, não me recordo de ver tão bonita.

Já tinha saudades de ti Lisboa!!

The Insolito is located at The Independent Hostel & Suites. As soon as one enters the building, one travels in time. In the entrance hall, where we are greeted by a friendly receptionist, the walls are painted in blood red, the armchairs are made of green moss velvet and, on the ceiling, a chandelier illuminates the room just enough. I feel as if I have entered an old Lisbon, a certain Lisbon that my grandfather used to described in his stories of the dictatorship. A city of mysteries, of lights and shadows. The hostess announces our arrival. The lift that transports us to the third floor was, curiously, one of the first installed in the city. Inside it the space is so limited that my six foot three Scottish man has to bend in order to fit in. We feel like characters from another era. Already in the restaurant we are received with the traditional Portuguese kindness and sent to a table on the terrace facing the roofs of my Lisbon that Maluda so well knew how to reproduce. Despite the irreverent decor, the ambience is cozy and unpretentious. From the ceiling dwell, in permanent suicides, origami installations, flower cages, butterflies and dry branches. The walls are a festival of different colours and textures. In the open kitchen I notice a collection of candelabras that, through its old opaque light, guide the crew of cooks who direct the ship on this voyage of flavors.

We order two cocktails to go with the quail starter. One of them, the Holy Sip, is, without a doubt, one of the best I've tried to this day. it is fresh, gentle, and tastes like this summer that has just arrived. For main course I opt for the sea bass while Martin goes for the pork belly. Both are delicious and bring with their condiments the taste of an alchemy tattooed on the Portuguese soul. These kind of delicacies want to be savored without haste. To be perpetuated in the palate in order to register, in the gustative memory, pleasures to be repeated. Finally, we choose a chocolate tart with tangerine ice cream and a guava dessert. The freshness of this tropical fruit goes very well with the intensity of the chocolate, being, in my opinion, the ideal way to end the meal.

Satisfied with our choices, we watch the sun paint the sky pink. In the distance, the castle that dominates the city, lights up. Near by, in Bairro Alto, the bohemian life starts to awaken. Right now, I don't want to be anywhere else. 

After all, I'm back home. My home. My city. The city of my forebodings that, from the top of this terrace, I don't remember ever looking so beautiful.

I've missed you dear Lisbon!



Tip: O The Insólito é bastante concorrido por isso convém marcar com bastante antecedência. / The Insólito is always very busy so you must book in advance.

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