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Festival Iminente


Last weekend I went to a festival where I had the chance to witness the fusion between the cultures of the two countries I call home, Portugal and the United Kingdom.

The festival took place in Brick Lane, which, for those who don't know, is the heart of urban art in London. As the doors to the concert hall opened, I heard traces of an earthy rumble which transpired to be Slow J's vocals. The concert was drawing to a close. Quickly the crowd took up the outer space, hurrying to the bar in order to grab the tonics the body asks for on a party day. It didn't take me long to run into long-term friends, and to make new ones, mostly British: some curious about the Portuguese culture; others who the only thing they knew about Portugal was how good the oranges from the Algarve are. Still, they quickly allowed themselves to be bewitched by this Portuguese corner in the heart of East London.

Wherever I looked, my eyes ran into installations whose messages shouted values of inclusion and civic duty. As soon as we entered the festival, a piece created by the artist "Mais Menos" (stands for "Less More") welcomed us: a voting table which, on top, included the message "You are entering the European Sector".

I don't know if there are more immigrants out there feeling the same, but lately I've been thinking that I might not be 100% Portuguese anymore. It's a reality that I sometimes find it difficult to admit, because there is a very patriotic part of me that does not want to undress the Portuguese flag. The truth is that I think the label that best describes me today is: European.

I felt that this festival was also a festival of Europeans like me. Curious people, wanting to cross borders; people of loose roots ... people of the world.

Still, my patriotism shrieked with pride when tickets for a Portuguese festival in London sold out. However I know that the festival was created not with the intention of filling the ego of the Portuguese, but rather to stimulate the fusion between cultures.

Iminente Festival debuted a year ago in Portugal and the idea of its mentor, Vhils, is to recreate the concept in various parts of the world. The festival combines music and art. All the works exhibited at the festival were made specifically for the event, a unique, ephemeral experience that will surely be eternalised in the memory of those present.

 

No passado fim de semana estive num festival onde assisti à fusão entre as culturas dos dois países a que chamo casa, Portugal e Reino Unido.

O festival realizou-se em Brick Lane, que, para quem não sabe, é o coração da arte urbana em Londres. Quando as portas da sala de concertos abriram, ouvi vestígios de um timbre grave que julguei ser o do Slow J. O concerto estava a chegar ao fim e, logo, a multidão ocupou o espaço exterior, apressando-se até ao bar em busca dos tónicos que o corpo pede em dia de festa. Não demorei muito nem a esbarrar com amizades de longa data, nem a fazer novos amigos, maioritariamente ingleses: alguns, curiosos da cultura portuguesa, outros que, de Portugal, só conheciam mesmo as laranjas do Algarve mas que, rapidamente, se deixaram enfeitiçar por este cantinho português em pleno East London.

Para onde quer que olhasse o meu olhar esbarrava com instalações cujas mensagens gritavam valores de inclusão e dever cívico. Assim que se entrava pelo festival adentro éramos recebidos por uma obra criada pelo artista “Mais Menos”: uma mesa de voto que, por cima, incluía a mensagem “You are entering the European Sector”.

Eu não sei se há por aí mais emigrantes a sentir o mesmo, mas ultimamente tenho dado por mim a pensar que já não me sinto 100% portuguesa. É uma realidade que, às vezes, me custa admitir, porque há uma parte de mim muito patriótica que não quer despir a bandeira portuguesa. A verdade é que acho que o rótulo que melhor me descreve hoje em dia é: Europeia.

Senti que este festival foi também um festival de Europeus como eu. Gente curiosa, com vontade de cruzar fronteiras; gente de raizes soltas...gente do mundo.

Ainda assim, o meu patriotismo gritou de orgulho quando os bilhetes para um festival português em Londres esgotaram. No entanto sei que o festival foi criado não com o intuito de encher o ego dos portugueses mas sim de estimular a fusão entre a culturas.

O festival iminente estreou-se há um ano em Portugal e a ideia do seu mentor, Vhils, é recriar o conceito em várias partes do mundo. O festival combina música e arte. Todas as obras expostas no festival foram feitas especificamente para o evento, uma experiência única, efémera mas que, certamente, se eternizará na memória dos presentes. 


by Mais Menos

By Mais Menos

By Bordalo II

By Bordalo II

Collaboration between Draw Contra, Vhils, Halfstudio & The Caver

By Mais Menos

By Sickboy

By Vhils

Aqui estou eu com o Vhils, tenho nas mãos o meu primeiro print dele e no rosto o sorriso de quem o admira muito pela sua arte e por ter composto um evento genial como este. / Here I am with Vhils, I have in my hands my first print of his, and, in my face, the smile of admiration for his art and for all the hard work he has put into composing a genius event like this one. 

By Vhils

By Vhils. Estes eram os tokens com os quais se podiam comprar cerveja no festival. Também eles uma obra de arte, verdadeiros euros furados. Afinal o dinheiro tem o valor que lhe pretendemos atribuir./ These were the tokens with which beer could be bought at the festival. Also a work of art, real euros with a hole. After all money has the value we want it to have.

 

By Wasted Rita

By Wasted Rita

By Wasted Rita

Prints available here

Prints available here

By Mais Menos - Available for purchase here.

Vasco a.k.a Sensi - Portuguese rapper & producer and a long time friend. 

Mai Kino


Forgive me if, this time, the photos are not great but I was too busy having fun.

With love,

The European.

Perdoem-me se as fotos não são muito boas desta vez mas eu estava demasiado ocupada a divertir-me. 

Com amor,

A Europeia.