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Lisbon City Hall - Open House


No fim-de-semana passado fui a Lisboa com o propósito de surpreender a minha irmã na celebração dos seus 40 anos. Vivendo em Londres, longe da minha família, acabo por perder muitos momentos como este. A minha irmã Susana, tal como eu, nunca gostou de celebrar o seu aniversário, mas este ano fugiu à regra e decidiu reunir todas as pessoas que lhe são especiais para uma celebração em grande. Valeram a pena todas as vezes que lhe menti durante o mês que antecedeu a festa dizendo-lhe que não poderia estar presente. Tendo em conta que a minha irmã não é o tipo de pessoa que exterioriza as suas emoções, ver a sua reacção aquando da minha chegada, sentir o seu abraço apertado, as lágrimas que lhe corriam com urgência pelo rosto, e a voz trémula com que, incrédula, agradecia a minha presença foi realmente um momento especial. Peço desculpa por não ter fotografias que ilustrem o momento, não levei a câmera comigo porque quis viv|ê-lo longe da pressão de o registar em fotografia. Quis estar presente sem distracções para viver o instante e guardá-lo em mim, no meu coração, que é onde se devem abrigar memórias como esta.

Na manhã que antecedeu a festa aproveitei para ir turistar por Lisboa. É engraçado que não vivendo na capital portuguesa acabo por, hoje em dia, explorá-la bem mais do que antigamente. Andava eu pela baixa Lisboeta a passear com a minha amiga, também blogger, Catarina Pereira, quando demos conta que a câmara municipal de Lisboa estava aberta ao público a propósito do evento Open House. Já por várias vezes atendi o mesmo evento em Londres mas desconhecia por completo que também se concretizava em Lisboa. Na verdade o Open House realiza-se em 35 cidades pelo mundo, durante o evento é possível visitar uma selecção de edifícios e espaços emblemáticos da cidade e conhecer a sua história. Muitos destes espaços estão por norma fechados ao público e, portanto, esta acaba por ser uma oportunidade única de os conhecer. O evento cobre desde edifícios históricos, modernos, a ateliês de artistas ou até casas privadas. Para além disso é um evento sem fins lucrativos, destina-se puramente a estimular o pensamento e a prática da arquitectura.

Ainda que a câmara municipal de Lisboa tenha sido o único edifício que me foi possível visitar, confesso que saí de lá completamente abismada pela grandiosidade do mesmo. Sente-se uma certa nostalgia quando se entra num local como este, não só porque é o local onde, diariamente, se discutem assuntos que afectam directamente a vida dos portugueses, mas também porque foi na varanda deste mesmo edifício que foi proclamada a independência da república a 5 de Outubro de 1910.

As suas paredes foram erguidas após o violento tremor de terra de 1755 e seguidamente destruídas por um incêndio em 1865. O edifício como hoje o conhecemos foi construído no final do século XIX. Em 1996 um outro incêndio devastou os pisos superiores que foram posteriormente refeitos de acordo com o projecto original. Nas paredes estão tatuadas as marcas da água que apagou esse mesmo incêndio.

Serão também essas mesmas paredes que guardam os segredos da ditadura e do presente. Ali, entre os frescos, as cúpulas, os diferentes relevos do mármore, as colunas que suportam o tecto, as cortinas de veludo e os candelabros que iluminam o edifício o quanto baste...Lisboa é um grande silêncio que rumoreja.

Last weekend I went to Lisbon to surprise my sister on her 40th birthday. Living in London, away from my family, I end up missing many moments like this. Just like myself, my sister Susana, doesn't usually like to celebrate her birthday, but this year she broke that rule and decided to gather all the people who are special to her for a big celebration. After seeing her reaction, I realised that very time I lied to her during the month previous to the party saying that I couldn't be there was worth it. Considering that my sister is not the kind of person who shows her emotions, seeing her reaction when she saw me coming in, feeling her tight hug, seeing the tears that ran urgently through her face, and listening to her trembling voice thanking me for my presence was really a special moment. I apologize for not having pictures that illustrate the moment, I didn't take the camera with me because I wanted to live the moment away from the pressure of capturing it. I wanted to be present without distractions to live the moment and keep it in me, in my heart, which is where you should shelter memories like this.

 

The morning before the party, I took the opportunity to go sightseeing in Lisbon. It's funny that, now that I don't live in the Portuguese capital anymore, I explore it way more than when I used to. I was walking in downtown with my friend, also blogger, Catarina Pereira, when we realized that, due to the Open House event, Lisbon's city hall was open to the public. I've attended the same event several times in London but I was completely unaware that it also took place in Lisbon. In fact I learnt that it takes place in 35 cities around the world, during the event it's possible to visit a selection of buildings and emblematic spaces of the city and get to know its history. Many of these spaces are usually closed to the public and, therefore, this is a unique opportunity to explore them. The event ranges from historic to modern buildings, covering even artist's studios or private homes.

In addition, it is a non-profit event, intended purely to stimulate the mind.

Even though Lisbon's city hall was the only building that I managed to visit, I must say that I felt completely astonished by its grandeur. There is a certain nostalgia when one enters a place like this, not only because it is the place where subjects that directly affect the life of the Portuguese are discussed daily, but also because it was on the balcony of this same building that the independence of republic on October 5, 1910 was announced.

Its walls were erected after the violent earthquake of 1755 and then destroyed by a fire in 1865. The building as we know it today was built at the end of the 19th century. In 1996 another fire devastated the upper floors which were later redone according to the original project.There are water marks tattooed on these walls from the water use to extinguished this last fire. 

It's also on those same walls that the secrets of the dictatorship and the present are kept. There, among the frescoes, the domes, the different textures of marble, the columns that support the ceiling, the velvet curtains and the chandeliers that illuminate the room just enough...Lisbon is a great silence that groans. 



Poderão visitar este mesmo edifício no primeiro domingo de cada mês pelas as onze horas da manhã. Entrada livre. 

You can visit this same building on the first Sunday of each month at eleven o'clock in the morning. Free entrance. 

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