MIRA-ME

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The Proposal


I don't really know how to start this post, but I do know that I need to put into words the avalanche of feelings that I've experienced because one day, when the memory no longer reaches there alone, I want to be able to travel up to this moment.

As you would expect in Scotland, rain was a constant during this trip. Being from the Algarve, bad weather is usually enough of a reason for me to be a bit annoyed but, surprisingly, this time I was actually grateful for the less favourable weather conditions since London has been invaded by a heat wave in the recent months which I'm not finding very pleasant. Martin, on the other hand, spent these days in constant disguised distress because he didn't want to propose under the rain or inside the car.

Now I picture him on our walks along the coast, with one hand entwining his fingers in mine and, the other, feeling inside his pocket the circumference of the ring he had so kindly had made for me.

It was only on the last day, already on our way to the airport, when the sun suddenly pierced through the clouds revealing the drawing of the mountain range before us that the right moment appeared.

Suddenly Martin decided to stop the car and invited me up a hill with the excuse that from there I would be able to take good pictures for the blog.

We walked for a good while and, on the way, I moaned about the possibility of being attacked by a snake (lol), and suggested repeatedly that we went back to the car. He walked ahead of me through the vegetation opening the way and (surely!) making sure no snakes would attack me.

I picture him simultaneously feeling again the circumference of the ring that for four days had been living inside his pocket and wondering if this would be the right place for such an occasion.

When we reached the top of the hill the view before us was, at the very least, astonishing! In the background the clouds caressed the top of the mountains, the sun lurked timidly through them and around us there was nothing but silence. Completely distracted from what Martin was doing, I immediately turned to try to capture the landscape through my lens.

It was then, having nature as our only spectator, that he invited me to the warmth of his embrace...I stood there for a few minutes watching the painting nature created in front of us, with my head resting on his chest and his arms wrapped in me shielding me from the cold wind.

At this point he pulled me away, looked me in the eyes, and said that he loved me so I said I loved him too. As I was returning to the warmth of his chest he began a sort of clumsy speech. It was only when, nervously shaking, he knelt down on one knee and took the ring out from his pocket that I realized what was happening. When he looked up and asked if I wanted to marry him, my eyes filled with tears, and before he could stop them, so did his. Needless to say that, as I write this, I'm crying all over again!

I still can not believe how lucky I was to find in this ocean of more than 7 billion people someone who cares for me as much as I do for him.

As if the proposal wasn't enough of a surprise, Martin told me that my parents were aware of everything since he had asked them for my hand at our last visit in May. There's more...the gold used in the ring is a fusion of his mother's engagement ring, which I'm sad I'll never get to meet, and my grandmother's favourite bracelet... Also, it was made by no less than the incredible Jessica Mccormack. More valuable than any sparkling diamond is all the thoughtfulness that went on creating this piece and trip. The proposal was perfect the way it was and will forever be remembered as one of the happiest days of my life.

No relationship is perfect and ours is certainly no exception to the rule. I know that "forever" is a very long period, so long that my youth is unable to measure it. A marriage is a constant challenge but I'm sure, as sure as on the day I met him, that this is the man I want to love until the moment my eyes close for the last time.

Nem sei bem como começar este post, mas sei que quero colocar por palavras a avalanche de sentimentos que experienciámos porque um dia, quando a memória já não chegar lá sozinha, quero poder viajar e regressar até a este momento.

Como seria de esperar na Escócia, a chuva foi uma constante durante esta viagem. Sendo eu Algarvia, normalmente o mau tempo é razão para aborrecimento mas, por acaso, desta vez até fiquei grata pela situação climatérica menos favorável uma vez que em Londres se instalou uma onda de calor desde há uns meses para cá que não tem sido muito agradável. O Martin, porventura, passou estes dias numa constante aflição disfarçada pois não queria que tamanho pedido fosse feito debaixo de um dilúvio ou dentro do carro. Agora imagino-o nas nossas caminhadas pela costa, com uma mão entrelaçando os seus dedos nos meus e, com a outra, dentro do bolso sentido a circunferência do anel que com tanto carinho mandou fazer para mim.

Foi só no último dia, já a caminho do aeroporto, quando o sol penetrou por entre as nuvens desvendando o recorte da cordilheira diante de nós que o momento certo surgiu.

Assim, de improviso, o Martin decidiu parar o carro e convidou-me a subir uma colina com a desculpa de que de lá eu iria conseguiria tirar boas fotografias para o blog.

Andámos durante um bom bocado e, pelo caminho, fui me queixando da possibilidade de existirem cobras por ali, chegando a pedir várias vezes que voltássemos para trás. Ele foi andando à minha frente abrindo caminho no meio das ervas e (certamente!) certificando-se que nenhuma serpente enublaria aquele momento. Imagino-o, simultaneamente, mais uma vez sentindo a circunferência do anel que há três dias pernoitava no seu bolso, questionando-se se aquele seria então o local certo. 

Quando chegámos ao cimo da colina a vista diante de nós era no mínimo majestosa. Ao fundo as nuvens acariciavam o topo das montanhas, o sol espreitava tímido por entre elas e em nosso redor não havia se não o silêncio do amor. Completamente distraída daquilo que o Martin estava a fazer, dediquei-me logo à actividade de tentar capturar a paisagem através da minha lente. 

Foi então que, tendo a natureza como nosso único espectador, ele me convidou para o aconchego do seu abraço. Deixei-me ali ficar por uns minutos, com a cabeça descansando no seu peito e os seus braços envoltos em mim protegendo-me do frio que se fazia sentir, a observar a pintura da natureza.

Nisto ele afastou-me para me olhar nos olhos e dizer que me amava ao que eu respondi que o amava também. Quando eu me aprontava para regressar ao aconchego do seu peito ele iniciou uma espécie de discurso desengonçado. Foi só quando, tremendo como varas verdes, ele se ajoelhou e retirou do bolso o anel que eu me dei conta do que se estava a passar. Quando ele olhou para cima e perguntou se eu queria casar com ele os meus olhos encheram-se de lágrimas e, antes que ele as conseguisse travar, também os dele. Escusado será dizer que, já estou novamente a chorar...

Ainda não acredito na sorte que tive ao encontrar neste oceano de mais de 7 biliões de pessoas que habitam este planeta alguém que olha por mim tanto como eu por ele. Para além da surpresa que o pedido foi, fiquei ainda mais perplexa quando o Martin me desvendou que os meus pais estavam ao corrente do sucedido uma vez que ele lhes havia pedido a minha mão aquando da nossa última visita em Maio. Como se não bastasse, o ouro no anel presente é uma fusão do anel de noivado da sua mãe, que infelizmente nunca terei o prazer de conhecer, e da pulseira da minha avó. Ainda me foi revelado que foi feito, nem mais nem menos, pela incrível Jessica Mccormack. Mais valioso do que qualquer diamante cintilante é realmente toda a intenção e preparação depositada por ele neste momento. O pedido foi perfeito como foi e será para sempre recordado como um dos dias mais felizes da minha vida.

Nenhuma relação é perfeita e a nossa certamente não é excepção à regra. Eu sei que “para sempre” é um período muito longo, tão longo que a minha juventude é incapaz de o medir. Um casamento é um constante desafio mas eu estou certa, tão certa como no dia em que o conheci, que este é o homem que quero amar até ao momento em que os meus olhos fecharem pela derradeira vez. 


(57.2947586,-6.1906916)

The coordinates of where I've been most happy.

As coordenadas do local onde eu mais fui feliz.