Santorini

Andreas conduz de janela aberta permitindo que o vento quente de Agosto me adoce a pele. Entre o ouvido e o ombro tranca o telemóvel, libertando assim a mão direita para segurar o volante. A esquerda, essa, descansa na janela segurando um cigarro que lhe serve apenas de adorno, já que há muito se esqueceu de o fumar. Não usa cinto de segurança e a sua condução arrojada diz-me que conhece bem o percurso. Demasiado bem para o meu gosto!

As montanhas, eternas guardiãs da ilha, vestem-se do negro vulcânico das suas origens. Às vezes, por entre o V que as colinas desenham, vislumbra-se a luz do sol tingir o céu e mar da mesma cor: um cor-de-rosa que augura os momentos felizes que me esperam.

Chegando a Oia as piscinas infinitas, construídas em socalcos, desmaiam no mar da minha imaginação.

Em cada varanda há uma história de amor e dois copos de rosé.

As casas são brancas como as nuvens, e buganvílias de várias tonalidades adornam os seus telhados, deixando na retina do viajante a vertigem do belo.

Não existem estradas, apenas trilhos que ligam a vila ao mar.

Lá em baixo, no porto, os veleiros recolhem as velas e, em cada proa, os seus tripulantes despedem-se do mar.

Quem tem o privilégio de aqui chegar, procura desde logo o melhor lugar para assistir ao mergulho do astro-rei no oceano. O espetáculo tem lotação esgotada todos as tardes. Há quem chegue às arribas escarpadas horas antes de modo a garantir assento na primeira fila, ou, em alternativa, num dos telhados mais altos. No final, quando este se despede na sua imersão diária, a multidão em êxtase, aplaude o protagonista.

Aqui, o sol, é... duplamente estrela!

O azul do céu enegreceu. A noite faz-se agora verdadeiramente noite. Dos convidativos restaurantes brotam cheiros de um mar presente que me invadem as narinas. Lá dentro, casais apaixonados jantam à luz de velas e de promessas feitas constelações.

O linguajar do amor é o rumor que se abate em cada mesa.

De repente, o jantar é um grito de sabores.

É um desejo que vem do fundo dos mares.

Santorini é, definitivamente, para lamechas.

É para quem quer desenhar corações no negro da areia vulcânica.

É para quem quer conduzir sem capacete e sentir o vento beijar-lhe o cabelo.

É para quem quer apertar cinturas na cumplicidade de um beijo. 

É para quem gosta de quebrar as regras e inventar as suas.

É para os loucos que gostam de se perder no rumorejar do esmorecimento das ondas.

É para quem está demasiado ocupado na arte de contemplar.

Isto é Santorini. Prometo que voltarei e, para a próxima...usarei capacete!

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